quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sinopse da história de Cabo Frio
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Praia do Forte - Cabo Frio - 1932

Sob o arrendamento da terra recém descoberta, os contratadores lisboetas, levantaram uma feitoria na barra da Laguna de Araruama, para através da prática do escambo, obter dos tamoios, o pau-brasil. Era a conhecida feitoria do Cabo Frio.

Mas o famoso topônimo Cabo Frio se originou, quando os primeiros expedicionários portugueses tiveram contato com o fenômeno causado pela Ressurgência que aflora bem em frente do “focinho” da ilha do Cabo Frio (situada na costa de Arraial do Cabo). Ora a Ressurgência foi um fenômeno bastante marcante e peculiar para os navegantes lusitanos, pois em plena zona tropical, sentiram como se estivessem atravessando uma região de baixíssima temperatura, peculiar aos pólos.

Da feitoria guarnecida por poucos homens, os portugueses levaram milhares de pau-brasil, só a célebre nau Bretoa em 1511, levou do porto da Laguna de Araruama, 5.000 toros da madeira. Era o principal produto de exportação da terra virgem. Em segundo lugar na escala de produtos naturais embarcados, achavam-se os papagaios - aves sumamente cobiçadas pelos europeus. Os psitacídeos se tornavam animal de estimação, fosse pelo exótico colorido, fosse pela particular capacidade de imitar a voz humana. E os papagaios que eram ensinados a falar o tupi, tinham muito mais valor para os europeus.

No começo, obviamente, os portugueses fizeram contatos amistosos com os tamoios, os habitantes da região: os tamoios. Os colonizadores foram obrigados a contar com a ajuda indígena, uma vez que o pau-brasil era duro para cortar e pesado para transportar. A região era um grande manancial da árvore, onde os ameríndios a chamavam de arabutã ou ibirapitanga. Eles cortavam as árvores em toras na floresta e faziam o transporte em direção da rústica feitoria, e em troca, recebiam machados e cunhas de ferro.

Mas um certo dia, os tamoios se irritaram com os europeus: atacaram a feitoria portuguesa matando todos os seus ocupantes. Daí para frente, os tamoios se tornaram nos mais ferrenhos inimigos dos colonizadores portugueses, principalmente quando vieram a ter contato com os corsários franceses, que em Cabo Frio, também levantariam uma feitoria: a famosa “Casa da Pedra”.

De antigo local de um entreposto lusitano, toda a região do Cabo Frio se tornou o quartel general dos franceses, o que causou um sério empecilho ao projeto de colonização da costa meridional brasileira. De fato, a imensa região florestal de Cabo Frio em posse dos franceses, tendo como aliados, os aguerridos tamoios, chegaram realmente a dividir, territorialmente a colônia de Portugal.

A FUNDAÇÃO DA CIDADE

A data de fundação da cidade de Cabo Frio é 13 de novembro de 1615. Isso porque o rei Felipe II ordenou que Constantino Menelau, então governador-mor do Rio de Janeiro, fosse ao Cabo Frio, para afugentar de uma vez por todas os corsários. O que foi feito, e fundou a cidade de Nossa Senhora de Assunção do Cabo Frio, construiu um forte (Santo Inácio) e criou uma aldeia para abrigar índios aliados( Aldeia de São Pedro) sob a direção dos jesuítas. Em verdade, a Coroa ibérica tinha criado a mais nova Capitania Real da sua imensa colônia: a Capitania Real do Cabo Frio.

Para primeiro governador de Cabo Frio, escolheram um homem de posses e voluntarioso: Estevão Gomes. Homem capaz e resoluto, que veio edificar o forte de São Mateus (1616-1620), na formosa barra da Araruama e ultimar com a missão de expulsar definitivamente os estrangeiros que vinham para a região, principalmente os holandeses, que ainda aportavam ao norte, precisamente, no arquipélago de Santa Ana, na costa de Macaé. Para povoar e cultivar o grande território, Estevão Gomes concedeu sesmarias, principalmente entre as ordens religiosas, as quais receberam bons pedaços de terras urbanas. E assim, Estevão Gomes, lançou os primeiros fundamentos para fazer com que o convento dos franciscanos viesse a ser levantado ao pé do Marro do Tairú (atual morro da Guia), mesmo que morosamente. A Câmara Municipal foi criada, institui-se o pelourinho: surgia a vida política e administrativa de Cabo Frio, às margens do então largo e cristalino Itajuru. 

JURISDIÇÃO TERRITORIAL E PRODUÇÃO AGRO- PASTORIL NO SÉCULO XVIII

Num ritmo lento, a Capitania Real do Cabo Frio atravessou o século XVI para o XVIII.

A região de Cabo Frio, que da colônia até as primeiras décadas do século XIX abrangia o que é hoje Macaé até Maricá, passando por Casimiro de Abreu e Silva Jardim - se caracterizava tanto pela expansão da lavoura açucareira (Araruama principalmente) como pela atividade pastoril( Campos Novos, antiga fazenda jesuítica). E a história de todos os municípios das regiões adjacentes tem suas histórias, está ligada intimamente a história de Cabo Frio - a mãe de muitas cidades, tanto do norte, como do sul fluminense. 

A partir de 1763, com a transferência da capital da colônia para o Rio de janeiro, a Baixada Fluminense se caracterizaria como importante centro produtor, destacando-se Campos dos Goitacazes com relação ao açúcar. Mas nem só de açúcar e gado vivia a baixada. Há uma tentativa, ainda no tempo colonial, de se implantar o cultivo do anil e da cochonilha que, apesar de não competirem com açúcar, acarreta uma diversificação da produção de gêneros alimentícios como a mandioca, feijão, milho e arroz.

Com essa expansão da empresa colonial, representada, principalmente, pela lavoura açucareira, a população livre pobre e escrava se multiplica, constituindo a maioria que habita essa área produtora.

PRODUÇÃO NO SÉCULO XIX

Em meados do século passado, o município possuía uma considerável área de produção agrícola. Os produtos escoavam pela Laguna de Araruama, em especial pelos portos da Aldeia de São Pedro, de Iguaba e do Rio Mataruna. Os principais gêneros exportados eram: café, açúcar, algodão, amendoim, milho, farinha e feijão, entre outros. Só para se ter uma idéia, a Freguesia de Nossa Senhora da Assunção, com uma superfície de 468,07 quilômetros quadrados, possuía três fábricas de açúcar, duas salinas, seis olarias para a produção de telhas e tijolos, 67 fazendas voltadas para a produção cafeeira, outras lavouras e criação de animais, entre estas propriedades estavam as de Manoel Pereira, dono da grande fazenda de Angelim que produzia muito café, além de cana-de-açúcar e da criação de gado.

Pelo porto de Cabo Frio, em 1827, por exemplo, saíam muitos navios carregados rumo ao Rio de Janeiro. Era a lancha à vela São Francisco Voador, transportando 350 alqueires de farinha a granel, 84 alqueires de feijão-cavalo, 60 arrobas de peixe. A lancha Galatéia, levando 10 caixas de açúcar, 51 sacas de feijão de cores, 4 sacas de farinha, 420 alqueires de milho a granel e o penque Santa Cruz Brasileira, exportando para a corte, 3 caixas de açúcar, 860 alqueires de farinha a granel, 480 alqueires de milho, 125 alqueires de feijão-cavalo e 1 caixa de café.

O COLAPSO DO CELEIRO DA BAIXADA

Depois que o governo imperial acabou de uma vez com o tráfico clandestino de africanos, começou a aparecer às conseqüências negativas para a agricultura cabo-friense, doentiamente dependente da mão-de-obra escrava. A ruína econômica que grassou pelo município é um exemplo do que ocorreu na maior parte do território brasileiro. E após a decretação da Lei Áurea, a velha comuna, que até então era cognominada “o Celeiro da Baixada Fluminense” sofreu um colapso tremendo em sua organização agrícola.

Autor: Elisio Gomes Filho 

Sobre o autor Alunos do Cólegio Municipal Rui Barbosa

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